Cultura e Turismo  / Notícia

Excepcionalmente neste ano de 2020, como medida de contenção à pandemia do coronavírus, o feriado alusivo à Revolução Constitucionalista de 1932, celebrado em 9 de julho, foi antecipado no estado de São Paulo para 25 de maio. Mesmo assim, a data oficial em que se deflagrou o movimento, rememorada hoje, é alvo de solenidades e menções por órgãos governamentais e veículos de imprensa.

Por isso, nesta quinta-feira, o jornal o Estado de São Paulo, o Estadão, estampou em sua capa uma imagem de Mogi Mirim, mais precisamente do bunker que servia de proteção a ataques aéreos para soldados, armas e munições durante a guerra, e apresentou os feitos épicos protagonizados pela cidade “nascida da bravura dos paulistas”. Portais de notícia de grande alcance, como o Terra e o G1, também destacaram o envolvimento local em suas citações aos 88 anos da revolta, assim como o assunto rendeu matéria na 1ª edição do Jornal da EPTV.

Bunker

Ponto histórico do conflito, o abrigo subterrâneo localizado em bosque marginal do rio Mogi Mirim, com acesso pela Rodovia Nagib Chaib, receberá melhorias a fim de se tornar motriz do desenvolvimento do turismo histórico na cidade.

Fazendo valer o certificado de Município de Interesse Turístico (MIT) alcançado por Mogi Mirim em 2019, a cidade recebeu do governo estadual o repasse de R$ 90.825,89 para restauração do ambiente, mediante projeto desenvolvido e apresentado pela Secretaria de Cultura e Turismo, em apoio ao Conselho Municipal de Turismo (Comtur). As obras devem ser iniciadas nos próximos dois meses e preveem uma passarela de acesso, barreira de proteção a eventuais enchentes do rio, inclusão de iluminação, novo piso e correção de erosões.

Além de recursos para o bunker, o Município também foi pleiteado com o repasse de R$ 145.156,26 para a execução de um plano de sinalização turística. A inclusão dos valores no Orçamento Municipal será votada pela Câmara Municipal, em sessão a ser votada na próxima segunda-feira (13).

História

Mas não só pelo Bunker se deu a participação da cidade na campanha pela democracia. Muito pelo contrário: Mogi Mirim foi protagonista. Até o início do Século XX, era uma das principais expoentes ferroviárias do Brasil, se posicionando no cerne logístico do conflito, seja para a locomoção de suprimentos ou pessoas aos campos de batalha. Durante os três meses de conflito, diariamente, passavam pela Estação da Companhia Mogiana das Estradas de Ferro, onde hoje se localizam o Espaço Cidadão e a Estação Educação, trens blindados carregados de soldados e armamentos.

Além da questão estrutural, as terras mogimirianas eram estrategicamente fundamentais no duelo em razão da proximidade com a divisa de Minas Gerais, limite onde se deflagaram as mais sangrentas lutas armadas, haja visto que o estado mineiro, aliado das tropas federais, se posicionou como principal rival paulista.

E a atuação dos mogimirianos transcendeu os campos e trilhos. Em um momento inédito no Brasil, aviões foram utilizados, tanto pelas tropas legalistas quanto pelas constitucionalistas, para efetuar ataques a postos rivais.

Mais forte militarmente que São Paulo, o governo Vargas ostentava aviões Waco da cor vermelha, apelidados de “Vermelhinhos” pelos constitucionalistas. Cruzando os ares municiados de explosivos e metralhadoras, os veículos aéreos eram combatidos pelas Unidades Aéreas Constitucionalistas (UAC), conhecidas como “Gaviões do Penacho”.

Um dos hangares de destaque dos paulistas ficava no antigo aeroclube de Mogi Mirim, onde hoje está sediada a Guarda Civil Municipal. O posto veio a ser capturado por forças federais comandadas pelo futuro presidente do Brasil, Eurico Gaspar Dutra.

No entanto, os Gaviões do Penacho deram o troco e proporcionaram ao lado inimigo uma das principais derrotas na Guerra e um dos momentos mais memoráveis na história aeronáutica nacional. Em 21 de setembro, em ataque surpresa, explodiram 5 vermelhinhos.

Restos mortais de mogimirianos heróis da Revolução estão protegidos em mausoléu na Praça 9 de Julho, na rua Padre Roque, sob a guarda da estátua de bronze do soldado constitucionalista, imortalizando combatentes que lutaram por uma causa imortal: a liberdade.

Turismo

Explosivos, destroços, uniformes e outros materiais que moldaram as histórias de Mogi Mirim, São Paulo e do Brasil estão armazenados em acervo no Centro Cultural “Lauro de Monteiro Carvalho e Silva”.

Anualmente, esses itens são expostos ao público em passeio turístico organizado pela Secretaria de Cultura e Turismo. A atividade está suspensa em razão da pandemia, devendo ser retomada assim que forem revogadas as medidas de isolamento social e houver controle dos casos de coronavírus na região.