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Três dias em que a importância de investir na primeira infância, promover o vínculo mãe-bebê, estimular o desenvolvimento das capacidades motora, cognitiva e afetiva da criança e mobilizar a sociedade a apoiar gestantes ganhou ainda mais importância em Mogi Mirim. Idealizada pela Secretaria de Educação, a 2ª edição da Semana do Bebê, entre os dias 6 e 8, movimentou profissionais das áreas da Educação, Saúde e Assistência Social.

Com três palestras no Centro de Aperfeiçoamento do Magistério Antônio de Souza Franco, a Estação Educação, e atividades em quatro CEMPI’s (Centros Educacionais Municipais de Primeira Infância), a programação reforçou o comprometimento da secretaria municipal em trabalhar mecanismos que incrementam o trabalho diário realizado pelas profissionais.

Nos Cempis Alcides Hortêncio, Professora Maria Aparecida Mariano Todarelli, Professora Maria de Lourdes Ferraz Guimarães e Professora Michele Lucon, atividades voltadas à relação entre pais e filhos foram realizadas ao longo dos três dias. Aprofundar o vínculo e promover experiências que propiciem aprendizagem significativas fizeram parte da temática trabalhada pelos centros educacionais.

Palestras

De segunda-feira (6) a quarta-feira (8), 171 profissionais compareceram às palestras, na Estação Educação, que reuniram a psiquiatra Dra. Taís Moriyama, o promotor de Justiça da Vara da Infância e Juventude, André Luiz Brandão e a especialista em educação infantil, Karina Rizek.

Com o tema “Autismo na 1º infância e outras necessidades especiais dos bebês”, Taís abordou aspectos sobre a formação do cérebro humano de um autista, maneiras como enxergam o mundo, através de linhas e traços, e seu desenvolvimento. Ela ressaltou o fato de uma criança de três anos ser capaz de identificar lideranças de um grupo familiar ou escolar, como um adulto, e suas principais vias de aprendizado.

“O autista é um tipo de pessoa que vê o mundo de maneira diferente e não tem os instintos sociais que costumeiramente as outras crianças possuem. Para conseguir colocá-las na curva do desenvolvimento, existem inúmeras técnicas”, comentou.

Um mapa de desenvolvimento de habilidades, currículos de estimulação, dicas de alimentação e a comunicação para a linguagem de figuras, também foram abordadas por Taís.

A psiquiatra, que atua no Bairral, maior complexo de saúde mental da América Latina, em Itapira, comentou a respeito do trabalho executado no local, responsável por um atendimento especializado a nível infantil e adulto, com avaliações e intervenções adequadas para cada necessidade de tratamento.

Infância e juventude

Promotor de Justiça da Vara da Infância e Juventude de Mogi Mirim, André Luiz Brandão teve como tema central em sua palestra “A responsabilidade com a defesa e os direitos dos bebês e crianças pequenas”. Com experiência no GAECO, grupo de atuação especial que tem como função básica o combate a organizações criminosas, destacou os desafios de lidar com situações em que pais não oferecem condições propícias para o acolhimento dos filhos, aspectos sobre o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e quais ferramentas centros de proteção e reabilitação, como os CAPS, Creas e CAPS AD garantam em relação à proteção das pessoas.

“Quando você cuida de crianças passa a ser pai e mãe, são problemas diferentes, quase insolúveis”, frisou.

O trabalho desempenhado em Mogi Mirim e a efetividade das audiências concentradas, com o objetivo de reavaliar a situação dos menores de idade, foram celebradas por ele. “Já estou vendo resultados, aqui o trabalho é diferenciado e me sinto muito energizado. Procuramos fazer o melhor possível em defesa das crianças, dos adolescentes e dos bebês. Quando se fala em direito do cidadão, esse assunto envolve Educação e preparo para a vida”, afirmou.

O promotor levantou o debate acerca de crianças nascidas em famílias desestruturadas, quando em muitas situações problemas relacionados ao álcool, droga ou a simples ausência de uma política de planejamento familiar pode comprometer a formação e o futuro de uma criança. “Planejamento familiar não é palavrão, não é nazismo, mas sim algo que envolve todo um desenvolvimento de ideias. Temos que começar a organizar esse mundo”, avaliou.

Educação infantil

A especialista em educação infantil Karina Rizek encerrou a programação da Semana do Bebê com a palestra “O significado de uma escola para crianças de 0 a 3 anos”. “Falar sobre a qualidade na Educação implica em falar a respeito da importância de vivências fundamentais para o desenvolvimento do ser humano. O cérebro da criança de 0 a 3 anos se desenvolve através da interação entre elas e os adultos”, disse.

Especificidades na atuação com bebês e crianças pequenas, a importância de um trabalho de observação nas escolas, a cargo das educadoras e a necessidade de as profissionais entenderem a rotina familiar da criança para colaborar com sua formação também tiveram destaque em sua palestra. “Eles (educadores) têm a necessidade de organizar e propor experiências que construam com as crianças vínculos profundos e estáveis. Precisam observar as crianças, ser adultos capazes de ouvir e responder”, comentou.

Fotos: divulgação